O número de acidentes com helicópteros, em janeiro de 2024, muito acima da média, tem alertado especialistas. Só nos oito primeiros dias do ano, foram registrados 4 casos. Segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Cenipe, ao longo de 2023, houve 15 ocorrências - cerca de 1 por mês.
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Ainda conforme o Cenipe, nos últimos 10 anos, o Brasil registrou 193 acidentes envolvendo helicópteros, o equivalente a 11% do total de acidentes com todos os tipos de transporte aéreo.
Ao menos duas pessoas morreram em acidentes envolvendo helicópteros em 2024: um piloto, no Interior do Maranhão, e um dos quatro ocupantes de uma aeronave, no interior de Minas Gerais.
Já em São Paulo, um helicóptero que estava a caminho de Ilhabela, no litoral norte paulista, segue desaparecido há 11 dias. A aeronave decolou do Campo de Marte, na capital paulista, na véspera de ano novo, com quatro tripulantes: o piloto, Cassiano Teodoro, e três passageiros, Luciana Rodzewics, a filha dela, Letícia, e um amigo da família, Rafael Torres.
O mau tempo não permitiu que eles chegassem ao destino. Depois de um pouso de emergência, em uma região de mata, a aeronave voltou ao céu e desapareceu. A Força Aérea Brasileira realiza buscas na área, desde então.
Em Belo Horizonte, mais um caso, desta vez, sem vítimas. Um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal precisou fazer um pouso forçado no anel viário da cidade.
O Brasil tem uma frota de mais de 2 mil helicópteros, segundo estatísticas da Agência Nacional de Aviação Civil. Só na capital paulista, são 410 aeronaves registradas, além de 2.200 pousos e decolagens nos 260 helipontos espalhados pela cidade, todos os dias. A frota de São Paulo já é a segunda maior do mundo, atrás apenas de Nova York.
Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou 193 acidentes envolvendo helicópteros, o equivalente a 11% do total de acidentes com todos os tipos de transporte aéreo.
Para controlar esse movimento aéreo específico e garantir o tráfego seguro entre helicópteros e aviões, a Força Aérea Brasileira (FAB) criou um sistema único no mundo, o Heliocontrol, que é operado na torre de controle do Aeroporto de Congonhas.
"Com ele, a gente consegue garantir a eficiência desses voos de helicópteros que ingressam essa região, sem nenhum tipo de intercorrência com as aeronaves que se aproximam", explica o tenente-coronel aviador Moreira.
De acordo com a FAB, entre 2013 e 2023, a perda de controle em voo respondeu por mais de 30% dos acidentes de helicóptero. Destes, 15% envolveram aeronaves que faziam táxi aéreo e 4% aconteceram em voos particulares.
Neste período, São Paulo concentrou 20% dos acidentes aéreos no país: das 343 ocorrências no estado, 43 foram com helicópteros. No Mato Grosso, foram 186; no Rio Grande do Sul, 166; e em Minas Gerais, 147.
O especialista em aviação Lito Souza considera o número de acidentes no país alto, mas ressalta que o Brasil tem a maior frota de helicópteros no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
"Quando a gente compara os números, eles são equiparáveis. A quantidade de acidentes lá, em helicópteros, reflete o que a gente tem aqui no Brasil. Quando existe uma causa mecânica, ela é identificada rapidamente. Quando existe um componente humano, ele é muito destrinchado em diversas camadas que contribuíram para que o ser humano tomasse aquela atitude que levou a um acidente", pondera o especialista.