A etnia e cor da gestante estão relacionados com o ganho de peso e o crescimento dos filhos, revela o estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia). Os filhos de mães indígenas possuem maiores taxas de baixa estatura para a idade (26,74%) e baixo peso para a idade (5,90%).
A incidência também foi observada entre as crianças de mulheres pardas, com 11,82% registros de baixa estatura para a idade, e 3,77% casos de baixo peso para a idade. Entre os filhos de mães asiáticas, 10,99% estavam com baixa estatura e 3,64% com baixo peso. Descendentes de mulheres brancas registraram o menor índice, com 8,61% casos de baixa estatura e 2,48% de baixo peso.
Para a equipe, estes dados demonstram como a vulnerabilidade social pode afetar o desenvolvimento das crianças. Helena Benes, uma das autoras do artigo, ressalta que os índices podem “ser atribuídos a uma série de fatores decorrentes do impacto persistente do racismo estrutural na sociedade”.
“Enquanto medidas governamentais e de saúde pública para eliminar o racismo não forem suficientes, continuaremos a ver seus efeitos prejudiciais, inclusive no crescimento das crianças”, alertou a pesquisadora.
Para obter esses dados, o estudo acompanhou 4.090.271 crianças, nascidas entre janeiro de 2003 e novembro de 2015. O desenvolvimento delas foi acompanhado entre 2008 e 2017. Destas, 64,33% nasceram de mães pardas, 30,86% de mães brancas, 3,55% de mães negras, 0,88% de mães indígenas e 0,38% de mães de ascendência asiática.
Os resultados obtidos indicaram que filhos de mães indígenas apresentaram, em média, 3,3 centímetros a menos que os nascidos de mães brancas. Crianças de mães pardas também apresentaram uma média menor de altura (0,60 cm a menos), seguidos pelos nascidos de mães pretas (0,21 cm a menos) e descendentes asiáticos (0,39 cm a menos).
“Embora a literatura científica já tenha discutido amplamente como o racismo impacta em desfechos negativos ao nascer, como prematuridade e baixo peso, poucos estudos se aprofundaram no impacto do racismo no crescimento infantil de crianças brasileiras”, ressaltou Helena.
Crianças indígenas registraram 740 gramas a menos do que os filhos de mães brancas. Os filhos de mães pardas possuíam 250 gramas a menos. Já os filhos de mães pretas apresentaram 150 gramas a menos, e de descendentes asiáticas 220 gramas mais magros.
A magreza – quando há falta de nutrientes fundamentais para o organismo – foram 5,52% mais recorrentes entre crianças filhas de mães pardas e 3,91% maiores entre os filhos de mães pretas, quando comparadas com as taxas entre os filhos de mulheres brancas (3,91%). As crianças de mães indígenas sofrem desta circunstância 4,20% mais. Já as de descendência asiática, 5,46%. O estudo foi publicado na revista científica BMC Pediatrics.
Com informações da Agência Brasil