A crise dos refugiados que atinge o Aeroporto Internacional de Guarulhos desde o ano passado foi tema de audiência pública da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados, do Senado Federal, nesta quarta-feira (14). Desde 2023, o GRU Airport recebeu mais de 8 mil imigrantes com pedido de refúgio no país que ficaram instalados em condições inadequadas nas salas do aeroporto.
A senadora Mara Gabrilli (PSD) fez uma vistoria na ala em que ficam os refugiados e ficou sensibilizada com a situação em que eles se encontravam no aeroporto. Nesta semana, cerca de 400 pessoas estavam alojadas no aeroporto.
“Desespero, humilhação e medo são as palavras que me lembro. Um mix de sentimentos porque as pessoas são gratas por serem recebidas no Brasil, mas estavam com dores, fome e sem remédios”, disse.
A situação é totalmente inadequada, segundo Ed Willian Fuloni, da Defensoria Pública da União. Ele considera que o Aeroporto de Guarulhos é “palco de reiteradas violações de direitos humanos”.
A Prefeitura de Guarulhos não teve representantes na audiência. A gestão municipal cobra há dois anos que o Governo Federal reconheça a cidade como fronteiriça, o que permitiria um melhor acolhimento para os imigrantes com o envio de recursos federais.
A chegada dos imigrantes no Aeroporto de Guarulhos é facilitada porque o Brasil não exige visto transitório de permanência. Ou seja, os passageiros podem ter viagem para outro destino e decidir permanecer na cidade. Contudo, a ampla maioria dos imigrantes não fica em situação legal no país.
De acordo com a Polícia Federal, dos 8.237 pedidos de refúgio apresentados desde 2023, somente 1,41% estão em situação regular. Além disso, apenas 3,15% solicitaram CPF, algo importante para os que querem ter uma vida no Brasil. E dos 1,5 mil que tiveram pedido negado, só 0,7% solicitaram renovação.
A PF avalia que a maioria dos imigrantes que chega ao Brasil decide seguir para os Estados Unidos, por intermédio de rotas ilegais de imigração, ou permanecer no país irregularmente.